30 janeiro 2006

Parabéns ao Sr. Sócrates

Não gosto muito do homem, é uma verdade. Mas justiça tem de ser feita. Ao apresentar na Assembleia da Republica as 10 medidas para acabar com a burocracia que estrangula as empresas e empresários portugueses, o Sr. Sócrates deu um passo de gigante para modernizar a economia portuguesa. Como bom liberal, percebeu que só uma economia ágil, sem entraves burocráticos é capaz de criar riqueza e emprego. Só uma economia forte, criadora de riqueza, permite redistribuir a mesma aos mais fracos e desprotegidos.
Só não percebo é porque o Sr. Sócrates se diz socialista. É uma pena, mas em Portugal já nada me espanta.

N DS.

29 janeiro 2006

Movimentos

O Sr. Manuel Alegre, após ter recolhido quase 21% dos votos nas últimas eleições presidenciais, decidiu, e passo a citar, “ criar um movimento aberto, plural e transversal de cidadãos, com base na estrutura de apoio à sua candidatura, orientado para a discussão de grandes temas”.
O Sr. Manuel Alegre não é burro, e nós também não somos. Os 21% que ele obteve, são os votos do Partido Socialista, e ele bem o sabe. Não é preciso criar nenhum movimento, basta acabar com a hipocrisia. O Sr. Manuel Alegre não ganhou as eleições porque não teve o apoio dos liberais, neste momento liderados pelo Sr. José Sócrates, qu apoiaram o Sr. Silva. Acontece que por cobardia dos próprios socialistas, o liberal José Sócrates está à frente do PS e à frente do governo. O Partido Socialista Português vale cerca de 25% do eleitorado português. O Sr. Manuel Alegre fez o quase pleno do eleitorado socialista. Não precisa de criar movimentos. Basta dizer a verdade e expulsar os não socialistas do seu partido.

NDS.

Meter Baixa

O poeta Manuel Alegre, candidato a Presidente da Republica nas últimas eleições presidênciais, está cansado. Dizem os jornais que meteu baixa. “Meter baixa”, é uma figura tipicamente Portuguesa. Está cansado, o pobre, e então mete baixa a “conselho do médico”. O médico que lhe deu a baixa devia ser preso. E o poeta, deputado e candidato também. O candidato está cansado? Normalissimo. Após meses de campanha, percorrendo o pais de uma ponta a outra, trabalhando 20 horas por dia, nada de mais natural. Se o deputado, poeta e candidato fosse uma pessoa honesta, tinha solicitado férias não renumeradas, legítimas, para preparar e trabalhar a sua candidatura. Mas como bom Português, aproveita as horas pagas pelos cidadãos para fazer campanha, e depois mete baixa “por cansaço”. Continua a receber o seu salário de deputado, após meses sem fazer nada no seu posto de trabalho. Depois mete baixa. Viva Portugal, verdadeira Republica das bananas.

NDS.

Portugal Maior

O Sr. Silva ganhou as eleições presidenciais, e vai ocupar o cargo de mais alto magistrado da nação durante cinco anos. O seu manifesto eleitoral assentava sobre um Portugal Maior. Portanto, a partir de Março de 2006 , Portugal vai crescer. Falta saber para onde. Para norte, impossível, pois desde há anos que está a mingar, tanto a Galiza tem conquistado o Norte de Portugal. De Belém, já não nos é possível partir para conquistar mares antes nunca navegados. Resta-nos crescer do Algarve para Marrocos. Assim, dentro de meses, se calhar, o Tchador (véu) será a nova moda da alta costura Portuguesa. Novas oportunidades para a Fátima Lopes, Ana Salazar ou João Rolo e todos os outros criadores de moda Portuguesa.

NDS.

19 janeiro 2006

Pacto de sangue

Pacto de sangue

Cavaco tem «pacto de sangue» com PSD e CDS, diz Seguro
O dirigente socialista António José Seguro acusou quarta-feira à noite o candidato presidencial Cavaco Silva de ter «um pacto de sangue» político com os líderes do PSD e do CDS-PP, apesar de estes estarem ausentes da campanha.
In Diário Digital, 19-01-06

Pacto de sangue. Os pactos de sangue são atribuídos às sociedades secretas e ilegais, vulgo as máfias. O dirigente socialista António José Seguro acusou o candidato presidencial de ter um pacto de sangue com o PSD e o CDS. Remete assim o candidato e os partidos para o estatuto de mafiosos. Não podia estar mais de acordo com ele. É claro que não inclui o PS, mas também é claro que o PS também faz pactos de sangue. Ainda recentemente o fez com o Sr. Freitas do Amaral. As coisas são claras. Enquanto as máfias são ilegais noutros países, em Portugal são legais. Em vez de Camorra, Cosa Nostra ou Yakuza, apelidam-se de PSD, CDS e PS. Mas não passam disso mesmo, de máfias e mafiosos. Se é Seguro que o diz, seguro que é assim mesmo.

NDS.

IKEA

O anúncio, com pompa e circunstância do plano de investimentos de cerca de 450 milhões de euros em Portugal por parte da IKEA, merece reflexão. À primeira vista, parece uma vitória para a API e para o País. 450 milhões de euros de investimento, criação total de 1650 postos de trabalho, 90% da produção fabril destinada à exportação. Bravo.
Mas, se olharmos melhor para o anúncio da IKEA, vemos que o grupo abrirá mais duas ou três lojas em Portugal. A grande fatia do investimento total em Portugal irá para a abertura das lojas comerciais. A grande fatia do emprego total criado será nas lojas comerciais. Que irão fazer concorrência às empresas portuguesas, obrigando algumas a fechar e atirando pessoas para o desemprego. Até aqui, nada a dizer, é a lei do mercado a funcionar. Mas, e infelizmente existe sempre um mas, a IKEA irá beneficiar de avultados incentivos fiscais e financeiros, já admitidos pelo ministro. Cerca de 20% do investimento total. Ou seja perto de 100 milhões de euros. Além disso, a IKEA anunciou também a abertura de lojas na vizinha Galiza, em Vigo e na Corunha.
Ao situar a fábrica no norte de Portugal, vai criar 200 empregos. A maior parte da produção irá direitinha para a Galiza. E irá fazer concorrência às empresas portuguesas que hoje exportam mais de cinquenta por cento da sua produção para essa mesma Galiza. Quantos empregos não irão desaparecer no Alto Minho e na Zona de Paços de Ferreira? 200, 500, 1000? Não é difícil de prever que o saldo será francamente negativo.
A questão é simples. Não seria mais vantajoso para Portugal investir nem que fosse 50 milhões de euros na promoção das marcas Portuguesas na Galiza, em toda a Espanha e na Europa? O aumento das vendas, a afirmação do produto e qualidade Portuguesas não criaria mais de 2000 empregos a prazo? O verdadeiro desafio não é o de criar marcas e produtos Portugueses de qualidade capazes de se exportarem e venderem na Europa? Não é assim que se cria riqueza? No entender da API e do primeiro-ministro parece que não. Infelizmente, a capacidade do nosso Pais continua a ser a de oferecer salários baixos e elevados benefícios fiscais e financeiros às empresas estrangeiras. Que continuam a destruir as nossas empresas, as nossas marcas, os nossos produtos. Definitivamente, abdicamos de ser um País. Somos um rebanho de pessoas apático, pastando paulatinamente nos cardos que os outros nos deixam. Há vinte e cinco anos que o mesmo bando de rapaces nos (des) governa, e nós, resignados, aceitamos como se de um desígnio divino se tratasse.

NDS

14 janeiro 2006

Sexo, Mentiras e Presidência

Principio da primavera de 2005. No fim de mais um dia de aulas, o Prof. Aníbal Cavasilvas preparou-se para regressar a casa. Sentia uma necessidade urgente de se sentar no seu escritório, beber dois ou três medronhos e aliviar a mente. Estava cansado, o papel de professor aborrecia-o mais do que outra coisa, já não se sentia com força nem motivação para aturar os alunos, muito menos para responder a perguntas complicadas. O mundo evoluí rapidamente e as suas teorias de economia que fizeram o seu sucesso há duas décadas atrás estavam mais do que ultrapassadas; já não tinha vontade de continuar a aturar meninos queques por meia dúzia de euros mês. Alem disso, o Tabu que se arrastava há meses e meses, não o deixava dormir nem descansar. A incerteza roía-lhe as entranhas, as noites eram longas, entremeadas de pesadelos e euforias. Apesar de todos os apoios prometidos, o medo de voltar a perder e o ridículo em que cairia uma vez mais estavam a minar-lhe a existência.

Tinha acabado de entrar em casa, quando tocou o telefone. Porra, um gajo nem tempo tem de degustar um medronho em paz, que esta porcaria já está a tocar. Que se lixe, não atendo. Mas o telefone continuava a tocar, insistentemente. Contra vontade, dirigiu-se para a mesinha, para ver de quem era a chamada. Apercebeu-se que era o José Dias Toupeiro, seu fiel amigo e companheiro de longos anos e muitas lutas. Agarrou rapidamente no aparelho e respondeu:

-Tou sim, fala o Aníbal.
- Olá, Aníbal. É o Zé Dias.
- Viva, Zé, então tudo numa boa? Estava a abrir a porta quando ouvi o telefone tocar e vim logo a correr. Novidades?
- Pá, já consegui o contacto relativo ao assunto Tabu. O meu compadre, o Cobre Rodrigues apresentou a proposta ao Zé Choques.
- E então, o que é que o fulano diz?
- Está disposto a negociar.
- Tens a lista das exigências dele?
- Tenho. Nada de muito complicado, como já te tinha dito. O gajo gosta do poder e da boa vida, e como diz o meu canalizador, dá o cu por cinco tostões, disse o Zé Dias rindo da sua própria piada.
- Então, o que é que ele pretende, perguntou o Aníbal já em pulgas.
- Quer ganhar as próximas legislativas para ficar mais quatro anos no poder. Exige que mantenhas o Luís Marca Menos à frente do PSD pelo menos até às próximas eleições. Quer que arranjes um tacho para o Jorge Lebre, fora do estado para não dar muito nas vistas. Quer também que não o chateies quando for de férias. Diz que só tira dois meses por ano, repartidas entre o safari em África, o esqui na Suíça, o cruzeiro nas Caraíbas e uma semana para as Feiras Novas de Ponte de Lima.

-Pá, podes garantir-lhe isso. Mas ele tem que me assegurar que ganho logo à primeira volta.

O Professor Cavasilvas, apesar do apoio garantido da imprensa e televisão, dos grupos bancários, dos grandes empresários e dos Portugueses, não tinha o apoio do Povo Simples. E tinha um medo de morte de afrontar o candidato socialista. É que o António Vitaminas, aureolado com o título eterno de Comissário Isento e Competente, tinha granjeado um estatuto semidivino junto do Povo Simples, e ele, Cavasilvas, era solenemente detestado por esse mesmo Povo Simples. Só avançaria, se o Zé Choques lhe garantisse que de uma forma ou outra colocava o Vitaminas na prateleira.

- Pá, está descansado. Podes preparar o anúncio da candidatura. Está no papo. O Zé Choques garantiu-me que se estiveres de acordo com as condições dele, elimina o António Vitaminas e apresenta um candidato que te permite ganhar com 57.5% à primeira volta.

- OK. Diz-lhe que aceito as condições dele. Quando é que pensas que tens a resposta?
- Se calhar, ainda hoje, o mais tardar amanhã.
- OK, Zé. Conto contigo. Um abraço pá.
- Até logo, Aníbal, e vai preparando o anúncio do fim do Tabu.

O professor Cavasilvas pousou o telefone, dizendo para si mesmo – desta vez, está no papo. O trabalho que tinha feito na sombra para ajudar o Zé Choques a chegar ao poder ia finalmente pagar. Saboreando já os próximos anos de poder, com viagens aos quatro cantos do mundo, discursos solenes sem perguntas aborrecidas, inaugurações, etc. etc., engoliu um cálice de medronho, depois outro. Estava num estado de semi-embriaguez, provocada pelo álcool e pela sensação antecipada de poder quando chegou a Maria.

-Aníbal, já estás em casa, querido?
-Estou aqui no escritório, Maria.
Entrando no escritório, a Maria aproximou-se do marido e beijou-o ao de leve na face, como de costume. Qual não foi a sua surpresa, quando o Aníbal, agarrando-a pelo braço, a puxou para ele, e metendo as mãos por baixo da saia, lhe começou a acariciar as coxas. Credo, homem, o que te aconteceu? Há meses ( anos mesmo ?) que o Aníbal estava apático e distante, chegando cansado a casa, queixando-se de dores de cabeça frequentes; respondendo por monossíbalos.
Em dois tempos e três movimentos, o Aníbal desapertou o cinto, tirou as calças e, levantando a saia da Maria, penetrou-a ali mesmo, no chão do escritório, como nos tempos remotos em que cavava milho no seu Algarve natal. Arfando como um touro, balbuciou-lhe ao ouvido palavras sem nexo – ela apenas percebeu papo, presidente, choques. A Maria, ainda não refeita da surpresa de ter o seu Aníbal entre as pernas, pensava – de uns tempos a esta parte já não respondia coisa de jeito a nada, bem me parecia que a coisa ia dar para o torto. O meu Aníbal está a ficar tarado!

Depois deste momento de loucura animal, o Professor Cavasilvas, quase envergonhado, retirou-se discretamente, foi para a cozinha fazer um chá acompanhado de um livro de economia para disfarçar a impaciência que lhe roía o ventre. Quando é que o Zé Dias lhe ligaria, para lhe comunicar a resposta do Zé Choques?

Pouco antes da meia noite, já o Professor Cavasilvas dormitava, agarrado ao compêndio de economia moderna, datado de 1960, quando o telefone tocou. Saltando disparado da poltrona, quase se espalhando no chão ao tropeçar no pé da mesa de sala, agarrou no telefone:

-Tá, fala o Aníbal
- Boa noite, Aníbal. É o Zé.
- Então, tens a resposta?
- Tenho. Ganhamos.
- Então?
- O Zé Choques manda dizer que vai anunciar que o PS apoia formalmente o Velho como candidato do partido às próximas eleições. Está no papo, pá.
- Não pode ser, Zé Dias. O Velho está quase senil, tem bicos de papagaio, confunde partidos e deputados, adormece nas reuniões, ele não aceita uma coisa dessas. Ainda por cima, afirmou o ano passado que nunca se candidataria a mais nada.
- Isso foi o ano passado. Sabes como é o Velho. Vaidoso, agarrado ao poder; agora que o filho já não consegue ganhar nada, pensa que tem o dever de voltar a assumir o comando das operações. Em todo o caso, o Zé Choques tem a certeza de que ele aceita. E como se trata do Deus socialista, o Vitaminas e os outros tem de comer e calar. Está no papo, Aníbal. Podes anunciar amanhã que te candidatas.
- Não, não. Esperemos primeiro que o velho faça o anuncio, depois eu faço o meu. Mas se realmente o Zé Choques o conseguir convencer, é verdade, desta vez está no papo.


22 de Janeiro de 2006, 20H
Noticia de abertura dos telejornais : Segundo todas as sondagens efectuadas à boca das urnas, o Candidato Independente Aníbal Cavasilvas, apoiado pelos Portugueses e pelo Povo Simples, é eleito Presidente na primeira volta das eleições presidenciais com 57.5% dos votos.

NDS.

Esta história é ficção autêntica. Qualquer semelhança com situações ou personagens existentes ou tendo existido é pura coincidência.

09 janeiro 2006

Carros, só topo de gama senão não brinco aos governadores

“Banco de Portugal reforçou frota automóvel
2006/01/06 | 11:04
Com a compra de seis veículos topo de gama. Só no último ano e meio, entidade presidida por Vitor Constâncio gastou 1,2 milhões de euros com automóveis, quase tanto quanto gasta anualmente em salários (1,5 milhões).” In Diário Económico, 06.01.2006


Pois é. Não há dinheiro para aumentar os salários mínimos ou as míseras reformas de pessoas que trabalharam uma vida inteira de sol a sol, sem dias de folga, feriados ou pontes. Mas há dinheiro com fartura para carros topo de gama em todos os organismos públicos. Há dinheiro com fartura para as inúmeras viagens dos nossos presidentes e ministros acompanhados dos reais e numerosos séquitos.
É cada vez mais triste ser Português.

NDS.

Indecoroso

Indecoroso.

“É indecoroso como os governos se sucedem e como o pessoal se mantêm e como se passa de uma secretaria de Estado ou de um Ministério para uma empresa pública», salientou Manuel Alegre, num jantar com apoiantes na cidade de Ponta Delgada, nos Açores”
In Diário Digital, 05.01.2006

Pois é. Mais indecoroso ainda é como só agora é que o Sr. Manuel Alegre fala do assunto, ele que é deputado desde 1975. Ou será que andou 30 anos a dormir ou a escrever poesia na Assembleia da República? Por isso é que os políticos me metem nojo. Cada vez mais.

NDS.

04 janeiro 2006

Povo Simples

"Nenhum partido financia a minha campanha. São os portugueses e muitas vezes o povo simples que, dirigindo-se à minha sede, dizem que querem ajudar", afirmou Cavaco Silva, num almoço com apoiantes em Beja”. (Diário digital, Link)



Segundo o Sr. Cavaco Silva, em Portugal além de Portugueses existe também o “povo simples” . Seria interessante que o Sr. Cavaco Silva explicasse o que define o “povo simples”, quais as diferenças entre este e os Portugueses. Será que para ele os Portugueses são aqueles que pertencem à sua “corte real” , que financiam a(s) sua(s) campanha(s) com somas chorudas e a quem ele, uma vez no poder retribuirá com as benesses usuais? Será que por “povo simples” entende o “zé povinho ” que a nobreza politica tanto detesta, mas à qual se juntam em época de eleições para angariar o precioso voto que os levará ao trono?

Uma explicação seria bem vinda.

NDS.