26 junho 2006

Não é possível comemorar sem barulho?

Gosto de futebol, e como português gosto que Portugal ganhe. O jogo com a Holanda fez-me subir a tensão arterial, sobretudo nos últimos minutos, e o apito final foi um alivio muito grande. Ganhamos e fiquei contente, mesmo muito contente. Contudo, não consigo compreender qual é o prazer que se pode ter em sair para a rua em automóvel a buzinar e gritar como dementes, incomodando pessoas que querem dormir, doentes que precisam de descansar e por aí alem. A frustração das nossas vidas estúpidas e mesquinhas é assim tão grande, que só na gritaria e barulheira colectivas é que se encontra forma de comemorar?

NDS.

15 junho 2006

Filhos da Nação e filhos da puta

Segundo uma noticia do diário económico, o Estado pagará a mobilidade dos funcionários. Financiamento de casa, apoios na deslocação e ajudas à família. Mais uma vez, o governo lixa todos aqueles que não somos funcionários. Dois exemplos para reflexão:

1- Se um funcionário das finanças de Lisboa for para o Sabugal, o governo vai-lhe pagar metade da renda da nova casa, mais os custos inerentes à mudança, ajudas de custo à família e sabe-se lá mais o quê. Se for proprietário, o funcionário alugará a sua casa em Lisboa pelo triplo do que paga em Sabugal e passa a ganhar ainda mais, fazendo o mesmo, senão menos.

2- O Zé Miguel, operário têxtil de Santo Tirso no desemprego, para ganhar a vida vai procurar trabalho em Espanha. Sai ao domingo à noite e volta na sexta feira, quando não está ausente um mês inteiro ou mais, se a distancia for grande. Deixa a casa, a mulher e os filhos. O Estado está-se nas tintas que o Zé Miguel durma num palheiro, que não veja os filhos e a mulher durante uma semana, um mês ou ano.
Uns são filhos da Nação, outros são filhos da puta.

NDS.

Resignações

Nas comemorações do dia de Portugal, o Sr. Silva pediu aos portugueses que não se resignem. Sou o primeiro a reagir ao apelo, e não me resigno. Não me posso resignar que Portugal tenha uma Presidência da Republica das mais caras da Europa, com um presidente e uma equipa presidencial que nos custa largos milhões de euros, e cujo papel é meramente representativo, ou, pior ainda, que pode entreter-se a entravar o governo, ao vetar leis que as maiorias devidamente consagradas por escrutínio democrático fazem aprovar no parlamento. O nosso presidente da republica é muito caro para o que faz. O pais não precisa dele para nada. A representação dos actos oficiais da Nação pode ser assumida por um presidente eleito entre os membros da assembleia da republica, como noutros países, com custo zero. Entre os milhões que custam as eleições presidenciais e os milhões que custa a equipa presidencial, poder-se-iam fazer enormes economias, logo menos impostos e melhores salarios para os portugueses. Caro Sr. Silva, eu não me resigno, e digo-lhe que todos os milhões que o Sr. esbanja são um roubo ao bolso dos portugueses.

NDS.