28 setembro 2006

Visitas de Estado

"Cavaco em destaque no dia de Letízia

O Presidente está em Espanha para mostrar o «Portugal do século XXI». Mas o dia acabou por ser marcado pelo anúncio da gravidez da Princesa Letízia. O casal presidencial português estava no sítio certo, na hora certa. Foi o primeiro a receber a notícia e abriu todos os telejornais espanhóis." Lido no jornal Sol.


Bom, já se começa a perceber a profundidade da acção de Cavaco Silva como Presidente da Nação. Estar no sitio certo, na hora certa, para ser o primeiro a saber quais as princesas que estão prenhes. É importante, deveras importante, sabermos que determinada princesa emprenhou; Mais, se o nosso Presidente conseguir saber o dia e a hora da pinadela real, poderá em primeira mão projectar com exactidão o dia do nascimento do futuro princeso; logo, conseguirá saber a data ideal para o baptizado e aconselhar os príncipes. Poderá prever com antecedência suficiente a agenda presidêncial para não faltar ao baptizado. Poderá vender a informação a outros chefes de estado.
Portugal pode deveras tornar-se maior, num domínio tão exigente como a procriação da realeza internacional. Grande Cavaco!

NDS

Compromissos

<<“Alexandre Relvas fez um diagnóstico negro da situação económica e social portuguesa, afirmando que o país é actualmente "o mais pobre da Europa dos 15" e que "cada vez mais nos comparamos com os mais medíocres".

"É preciso ter consciência que o país do espectáculo e propaganda política não corresponde ao país real", alertou.
"A Grécia tem um PIB per capita, em relação à média europeia, 13 pontos acima do nosso e a Espanha cerca de 30 pontos e já fomos ultrapassados pela República Checa, pela Eslovénia e por Chipre", salientou”>>

Copiado de um jornal, que já não me lembro qual, estas declarações de um dos líderes do Compromisso Portugal deixam-me a pensar na morte da burra. Alexandre Relvas foi o mandatário da campanha presidencial de Cavaco Silva. Ajudou a eleger o economista falhado para a presidência da republica. Ora, Cavaco, a meu ver , em conjunto com todos os outros que lhe sucederam na liderança dos sucessivos governos, é um dos principais responsáveis pelo falhanço e pelo estado miserável da sociedade portuguesa, conforme o retrato pintado por Alexandre Relvas. Como já o tenho dito várias vezes, os responsáveis pela situação de merda em que nos encontramos são quem liderou os destinos do pais desde 1986. Incapazes ou oportunistas, ou uma mistura dos dois, a classe politica portuguesa, em conjunto com uma comunicação social e uma intelectualidade rasca, ávida de dinheiro fácil e notoriedade fizeram de nós um povo apático, cobarde e estúpido. Telemóveis para todos, sardinhadas eleitorais todos os anos, Expos e Europeus, enfim, espectáculo e propaganda, como disse Alexandre Relvas. Alguém pagará a factura; nós, como sempre, mas burros como somos, ainda aplaudimos esta cambada, em vez de os correr à paulada daqui para fora.

NDS.

21 setembro 2006

Cultura da cobardia

A nova legislação sobre o consumo de tabaco proíbe o consumo deste em todos os locais públicos, como acontece noutros países. Eu, fumador há trinta anos, concordo plenamente com a lei, embora me cause transtorno. Sei contudo que o tabaco não me faz bem nenhum, e cada cigarro que possa não fumar num local público é um bem para a minha saúde e para a dos outros. Mas em Portugal, não se consegue tomar uma decisão e aplicá-la. O ministro faz aprovar uma lei, mas em nome de uma ‘adaptação cultural à medida’, permite um período de transição e adaptação cultural. Em Itália ou e Espanha, a medida entrou em vigor, ponto final. Mas nós, Portugueses, precisamos de um período de adaptação “cultural”; vamos poder continuar a fumar em locais públicos, embora a lei o proíba. Eu chamo a isto cultura da cobardia, a não ser que o ministro tenha interesses na Tabaqueira ou na Phillip Morris, nesse caso seria cultura do "cacau".

NDS

Ideias e idiotas

O Compromisso Portugal vem mais uma vez ocupar espaço na comunicação social propondo eliminar 200 000 funcionários públicos, que estariam a mais e tornam o sector público português o mais pesado e mais caro da Europa. Para isso, propõe uma série de medidas, entre elas facilitar as reformas antecipadas e incentivos à saída voluntária.
Que eu me lembre, nos últimos quinze anos, todos os governos e ministros falaram na necessidade de diminuir os custos da função pública. Hoje, a conclusão é que nada foi feito e a situação continua na mesma. Periodicamente, surgem ideias e receitas, dos governos, das oposições e dos movimentos oriundos da ‘sociedade civil’, mas que acabam sempre por não ser mais do que isso: ideias e diagnósticos, que enchem páginas de jornais, debates nas televisões, dão notoriedade a indivíduos e grupos, mas no fim a realidade é sempre a mesma. O número de funcionários não diminui, antes pelo contrario aumenta, os serviços continuam na maioria dos casos a ter pouca ou nenhuma qualidade. Entretanto, e porque não existe dinheiro suficiente para tudo, poupa-se retirando aos cidadãos serviços básicos, como maternidades, escolas, urgências hospitalares. Cultiva-se a desertificação do interior e da província. Mas continua-se a manter o monstro Função Pública criado pelos governantes das últimas décadas, para esses tem de haver dinheiro.
Que é necessário eliminar 200 000 ou 300 000 mil funcionários, todos o sabemos. Não são necessários incentivos nem facilidades, o que é necessário é acção, e já, pois estamos fartos de ideias e idiotas.

NDS

17 setembro 2006

Enigmas

Os políticos utilizam frequentemente um linguagem enigmática; Cavaco Silva prometia um Portugal Maior. Ora um Portugal Maior necessitaria de mais escolas, de mais hospitais com maternidades e urgências a funcionar; menos chumbos a matemática, menos contestação. Ao contrario, parece que metade do pais está a encerrar, e a outra metade a contestar. Assim teremos Maiores filas de espera nas urgências que ficarão a funcionar; Maiores custos para quem necessitar de se deslocar aos hospitais, em tempo, conforto e dinheiro; Maiores taxas de abandono e insucesso escolar; Maior desemprego; Maior desertificação. O homem tinha razão, eu é que não compreendi logo o significado do Maior, que na verdade queria dizer o contrario.

NDS