27 fevereiro 2006

Estórias de que não reza a História

Li algures há pouco tempo, que o destino de férias de carnaval mais demandado pelos portugueses é o Brasil, esgotado desde há muito. Esta notícia lembra-me uma outra estória, a da atracção do Tino Soares pelas férias no Brasil. O Tino, pelo menos entre 1995 e 2004, foi sempre de férias, e sempre para o Brasil. Para já, convém saber quem é o Tino Soares. Trata-se de um bem sucedido empresário da construção civil, hoje na casa dos sessenta. Quando jovem, moço atraente embora pobre, fuçou duro para ganhar a vida e conquistar a que viria a ser sua mulher, a Carmelinda, filha de abastados agricultores. A rapariga sucumbiu ao seu charme, pese a oposição da futura sogra que almejava melhor partido para o seu rebento. Mas, ontem, como hoje, as coisas do amor são assim, e embora a contragosto, a D. Prazeres teve de aceitar o Tino para genro. Com a ajuda dos sogros, o Tino botou mãos ao trabalho e rapidamente começou a singrar na sua actividade de construtor civil. Tornou-se um homem de sucesso, sabendo manobrar para cair nas boas graças dos decisores, obtendo contratos para construir escolas, creches, estradas e caminhos. Embora muito do que construía após dois anos estivesse em ruínas, nunca lhe faltou trabalho. Dizem as más línguas que com o alcatrão de uma estrada o Tino construía duas, mas não deve ser verdade, pois os tenicos e inginheiros de tal nunca se aperceberam.
Com o sucesso económico, cresceu o seu leque de amigos, subiu na sociedade. Os amigos passaram a ser o gerente da caixa, o Dr. advogado, o médico de família, o Presidente e o Sr. Eng. da Câmara.
Também a Carmelinda cresceu, mas para os lados. A boa vida, a mesa farta e o descanso fizeram obra. Juntando a isso o engrossar do buço, ao qual a mãe se opunha firmemente que se falasse sequer em o descolorir, quanto mais depilar, a Carmelinda acabou por perder toda a graça que em tempos tinha atraído o Tino. As relações com a mulher espaçaram-se cada vez mais, até desaparecerem por completo. Após o trabalho normal de construtor, o Tino tinha sempre reuniões, ora politicas, ora de negócios ou então com o contabilista, reuniões que se prolongavam amiúde noite dentro.

Naturalmente, surgiu o convite dos amigos para umas férias no Brasil. Seriam uma dezena, só homens, entre os quais o Presidente da Câmara, O Sr. Engº, dois senhores Doutores, o gerente da caixa e mais alguns empresários de sucesso do burgo. Lá foram, e desde então passaram a ir todos os anos. Sempre para o mesmo sitio. Consta que o que mudava de uns anos para os outros eram as ‘garotas’, cada vez mais novas, fresquinhas e ‘gostosas’.
O Brasil, destino de férias preferido dos Portugueses? Para o Tino e os amigos, sem duvida, dez anos consecutivos são a prova.

NDS.

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