29 abril 2006

Parir, mas onde?

O encerramento das maternidades, irreversível segundo o ministro, poderá criar novas oportunidades de negocio. Fecham maternidades, urgências, escolas. Em contrapartida abrem hipermercados e centros comerciais cada vez mais por todo o lado. Não seria de estranhar que num futuro próximo se possa parir no Modelo Continente, Jumbo, Pingo Doce e mesmo na Ikea ou na Fnac, para as mais intelectuais. As grávidas, enquanto esperam pelo rebentar das águas, poderão escolher as roupinhas, móveis ou livros para os seus rebentos, tornando assim menos angustiante a espera por esse momento sempre difícil.

NDS.

Concentrações

A era Sócrates está definitivamente vocacionada para consolidar as concentrações. Após a concentração do poder em Lisboa, da concentração da riqueza em meia dúzia de grupos económicos e financeiros, segue-se a concentração dos serviços de saúde e a concentração das escolas. Caminhamos a passos largos para um hospital por distrito, uma escola por concelho. Em seguida, teremos certamente a concentração das juntas de freguesia e a mais que provável concentração dos partidos políticos. Com isto tudo, a miséria da Europa arrisca-se também a ficar concentrada neste jardim à beira-mar plantado.

NDS.

20 abril 2006

Baldas

A balda dos deputados gerou um coro de criticas dos partidos políticos, da imprensa, analistas e fazedores de opinião. Mesmo o mestre Aníbal julgou por bem dizer ou mandar dizer que nos discursos do 25 de Abril iria criticar o facto. Eu não consigo compreender as criticas nem a admiração perante a situação. Baldas, falcatruas, desleixo, desrespeito e desprezo pelos outros, são situações diárias, e desde há 30 anos, entre professores, funcionários, empregados, construtores, forças de segurança, desempregados, estudantes, arrumadores, médicos, jornalistas, enfermeiros, advogados, juízes, canalizadores e microsoftianos (utentes dos moderníssimos cursos microsoft). Em suma, de todos os portugueses. Quando alguns conseguem chegar ao parlamento, tornam-se deputados mas infelizmente não deixem de ser portugueses. Portanto qual a admiração em se baldarem? Não é o que fazemos todos, todos os dias?

NDS