17 novembro 2005

Quanto custam os FEST*?

7.7% de desemprego ou 430 mil indivíduos desempregados. Isto segundo as últimas estatísticas oficias do INE. Há dias, o Ministro da saúde comunicou ao parlamento que 1000 dos 6000 funcionários do Hospital de Santa Maria em Lisboa são excendentários. Ou seja, cerca de 15% do pessoal do hospital. Se pegarmos nos 700 000 funcionários públicos, todas as categorias confundidas, e admitindo que só 20% é que são excedentários (há quem diga que existem 30% de funcionários que não funcionam de todo), obtemos mais cerca de 140 000 excedentários.
A pergunta que se coloca , talvez para o nosso amigo Cavaco Silva, é a seguinte: não seria mais rentável que estivessem todos no desemprego? E quanto se pouparia? É que um FEST recebe 100%, enquanto um desempregado recebe apenas 80%. Alem disso, um FEST tem custos adicionais para o contribuinte. No local de emprego, estorva e distrai muitas vezes aqueles que deveriam trabalhar fazendo baixar a produtividade. Consome recursos, como a água e papel dos WC, a electricidade, subsídios de alimentação e deslocação. Entope os transportes públicos nas horas de ponta. E mais haverá.
Como vantagens que vejo de os ter no emprego, será nas greves. Como participam sempre, elevam as taxas de adesão; Também melhoram as estatísticas do INE, mantendo o desemprego como um dos mais baixos da Europa, embora o mais caro.

*FEST : Funcionários empregados sem trabalho.

NDS.

14 novembro 2005

Sudoku e Batalha Naval

Num artigo do Jornal de Noticias de 14 de Novembro 2005, lê-se :

“É preciso um professor para uma substituição na sala 12". A convocatória é feita por altifalante. Contrafeito, um professor de Filosofia dirige-se à sala do 7.º ano para substituir a professora de Matemática. Seguem-se 90 minutos de sudoku, batalha naval, jogo da forca e palavras cruzadas. Vale tudo, desde que se mantenham os cerca de 30 alunos na sala. O modelo de aulas de substituição criado pelo Ministério da Educação (ME) está no centro de uma das maiores agitações em que vivem actualmente as escolas de norte a sul do país

Fartos da "balbúrdia" em que se converteram as aulas de substituição, os alunos da Escola Básica 2/3 de S. João da Ponte, nas Caldas das Taipas, Guimarães, organizaram um dia de greve às aulas na sexta-feira passada. No local, os jovens diziam-se "fartos" de aulas que "não têm rendimento nenhum" e em que "os professores nos deixam fazer tudo desde que não façamos barulho…".
Fim de citação.

Como reacção, as organizações sindicais da classe unem-se de imediato para convocar uma greve. É triste que os professores e seus representantes, em vez de procurarem e apresentarem uma solução capaz de resolver o problema, optem mais uma vez pela greve, e assim fugir às suas responsabilidades. A educação é um problema também dos profissionais do ensino, são pagos para isso. Infelizmente, a grande maioria dos professores portugueses encara a profissão como 38 horas de presença semanais na escola, durante nove meses por ano, 14 salários por ano. Como grande objectivo de vida e de carreira, uma reforma choruda aos cinquenta e poucos anos de idade e o resto que se lixe. O insucesso e abandonos escolar, a elevada iliteracia são problemas dos outros. Eles (professores) não tem culpa que a maioria dos portugueses sejam burros, calaceiros e mandriões.

Portugal confronta-se, pelo menos desde 1977, com uma grave crise educativa. Desde essa data até hoje, assistiu-se a um sem número de reformas do sistema educativo, praticamente uma reforma por cada governo, infelizmente sempre com os mesmos resultados: elevadas taxas de abandono escolar, alunos com cursos superiores com poucos conhecimentos e pouco ou nada preparados para as exigências do mercado do trabalho, etc, etc.

Os alunos que tem possibilidades de frequentar os melhores estabelecimentos de ensino privados nacionais ou estabelecimentos de ensino estrangeiros, ou idealmente os dois, ou seja, os filhos dos ricos, esses tem um nível de educação, cultura e conhecimento idêntico, e por vezes mesmo superior, aos dos nossos parceiros europeus. Na prática, isto significa que os portugueses não são menos inteligentes que qualquer outro povo, significa apenas que a grande maioria não tem acesso a um ensino de qualidade.

O que é que proporciona a qualidade do ensino? Vários factores, desde a qualidade das instalações, da clareza e objectividade dos conteúdos programáticos, mas sobretudo, e em 75% certamente, a qualidade dos professores. E, aqui, quer se goste ou não é que reside o problema. Uma grande parte dos professores portugueses não tem qualidade. Professores formados “à pressão” na década de setenta/oitenta, com poucos e por vezes ultrapassados conhecimentos, que por sua vez formaram eles mesmos os mais recentes, não podem proporcionar um ensino de qualidade.

Os nossos governantes e as elites dirigentes da sociedade civil sabem que assim é. Mas, nenhum nestes últimos vinte e cinco anos teve a coragem de o admitir e de responsabilizar os docentes. Esta situação prejudica a todos, e também aos bons professores, que também existem. Mantém-se uma situação de “paz podre”, em nome dos direitos adquiridos não se responsabiliza quem de direito. Toleram-se greves que apenas iludem os problemas.
Eu penso assim : Os profissionais do ensino que resolvam os problemas do ensino. Depois de os resolver, que exijam o justo pagamento. E você, o que pensa?

NDS

13 novembro 2005

Arrepios sociais

Gostaria de ser socialista, mas infelizmente não consigo; Os ideais do PS até nem me desagradam de todo, mas confesso que o meu egoísmo natural, uma “curta” consciência social, alguns sentimentos racistas, etc., me impedem de abraçar os ideais socialistas. Gostaria, mas não sou capaz.

Portanto, quando olho para os socialistas de carne e osso que me rodeiam, e falo do Augusto, comerciante, do Quim, funcionário público, do Zeca, operário por conta própria, do Manel, médico de clínica geral, do Asdrúbal, advogado, até me arrepio. Todos eles são socialistas, votam no PS, enfim, sustentam a maioria que nos governa. E aí, é que eu me arrepio.
É que por exemplo, o Manel, médico generalista, amassou uma fortuna significativa, mas são raras as vezes que passa recibo quando se desloca numa consulta a domicilio. No entanto, é socialista. Vota socialista. Foge aos impostos, mandando às urtigas a consciência social, mas isso não o impede de ser socialista.
O Asdrúbal, advogado bem conhecido da praça, comunga do mesmo horror aos recibos e impostos. Disse mesmo uma vez, “ eu, pagar mais impostos, para os cabrões do governo darem subsídios aos mandriões e calaceiros que não fazem nada? Nem pensar”. No entanto, é socialista; vota socialista.
O Augusto comerciante, não esconde que não gosta de maricas, que o lugar das mulheres é em casa, e os dos pretos em África. Tem alergia ao IVA e aos impostos. No entanto é socialista, vota socialista.
O Quim, funcionário público, apenas tem como preocupação defender os direitos adquiridos da classe. As desigualdades da sociedade portuguesa, pouco ou nada lhe interessam. A solidariedade e coesão social tão pouco. Mas é socialista, vota socialista.
O Zeca, operário por conta própria, tem uma casa com quase duzentos metros quadrados, tem um bom carro, mas só declara o salário mínimo. Beneficia de subsídios escolares para os filhos aos quais não tem direito. Mas é socialista, vota socialista.
Socialistas….aos que eu perguntei se conheciam, se alguma vez tinham lido a declaração de princípios do PS, todos sem excepção me disseram que não. Quando lhes perguntei o que os motivava a serem socialistas,não sabem bem porquê.
Pois é, tudo isto causa-me arrepios na ‘espinha’. Arrepios de saber que o Pais é governado por um partido que tem uma maioria assente em gente desta estirpe.
NDS.

07 novembro 2005

AMI-Alto Minho Independente

O Orçamento de estado para 2006 retira 20 milhões de euros de investimentos ao distrito de Viana do Castelo, colocando-o no último lugar dos investimentos…
…Segundo recentes informações, o projecto do comboio de alta velocidade (TGV) que ligaria o Porto a Vigo vai ser colocado em ‘banho-maria’; A linha Lisboa-Porto e Lisboa-Madrid terá a prioridade. Como sempre, os investimentos estruturantes serão efectuados prioritariamente no eixo Lisboa-Lisboa-Lisboa-Porto.

Portanto, vamos durante mais dez ou quinze anos demorar 3 horas de comboio de Valença ao Porto. Na Holanda, Áustria, Dinamarca , não existem duas cidades distantes de 100Km em que o trajecto de comboio demore mais de uma hora, com várias ligações diárias. Três horas de comboio para percorrer 110Km, já só no Bangladesh ou Sudão.
Todos os grandes investimentos estruturais que contemplem Lisboa são considerados prioritários e vitais, reunindo rapidamente o consenso de todos as forças politicas, analistas e fazedores de opinião.
Há já algum tempo que penso que estaria na altura de mandar às urtigas Lisboa, os Lisboetas e toda a macacada que lhes está associada.

Confortavelmente instalado entre a Galiza e o Porto, o estado do Alto Minho Independente poderia ser o Luxemburgo da Península Ibérica. Não estão fartos de sermos sempre relegados para o último lugar, de como mendigos, esperar pelas esmolas dos senhores de Lisboa? Então, ao trabalho, povo do Alto Minho.
NDS.

02 novembro 2005

Muito pede o tolo

Que sociedade mais esquisita, a nossa. Dentro de meses, vamos ter mais umas eleições . A meu ver eleições inúteis, para eleger um personagem pouco mais do que inútil. Mas como somos ricos, vamos gastar mais uns milhões de euros em campanhas e as suas festas associadas.Existem cada vez mais doentes em lista de espera para uma intervenção cirúrgica, mas isso não importa. Continuamos a ter os salários mais baixos da Europa dos quinze, também não importa. Haja festa, quem canta seu mal espanta.
A mim, o que me espanta, é como os portugueses levam a sério duas candidaturas ridículas.
A primeira candidatura, na pessoa do Sr. Mário Soares, tem ares de peta de Abril. O homem, bem ou mal, já fez tudo o que tinha para fazer. A sua candidatura é pura e simplesmente ridícula, para não dizer mais.
Quanto à candidatura do Sr. Aníbal Cavaco Silva, faz-me rir e chorar ao mesmo tempo.
Durante dez anos de ‘cavaquismo’, em que o Sr. Aníbal Cavaco Silva geriu os destinos de Portugal, entravam diariamente milhões de euros para desenvolver e modernizar o pais; No inicio do mandato do dito Sr., Portugal encontrava-se na décima quarta posição nos índices de desenvolvimento relativos à Europa dos quinze. Após dez anos de governo e uns largos biliões de euros de ajudas comunitárias, Portugal continuava na décima quarta posição, ameaçando seriamente conquistar o último lugar, afastando-se ainda mais dos índices de desenvolvimento médio dos 10 primeiros países da comunidade. Para mim, ocorrem-me duas ideias: ou o homem e as equipas que o acompanharam não passam de uma cambada de incapazes engravatados, ou então houve gamanço bravo. E, como durante vários anos, o Sr. Mário Soares coabitou com os governos cavaquistas, e nunca o ouvi denunciar seja a incapacidade seja o gamanço, não posso deixar de pensar a mesma coisa.

Contudo, a ‘intelligentsia’ portuguesa continua idolatrar tais personagens, que naturalmente se apresentam mais uma vez como os salvadores da pátria, cada um a pretender que é o único a ser capaz de por Portugal no bom caminho.
Tanto um como outro, já tiveram tempo e meios mais do que suficientes para o fazer. Não o conseguiram e são eles próprios que o afirmam ainda hoje, referindo-se ao estado ‘crítico’ da nação. Mas pretendem que os Portugueses lhes dêem de novo o poder e os sentem na cadeira real.
Muito pede o tolo, mas mais tolo é quem lho dá.
NDS